segunda-feira, dezembro 14, 2009

Onde a milícia quer chegar III

Rio de Janeiro cidade sem lei. Milicianos deixam seu recado.

Reportagem de capa do jornal Extra de domingo (13/12) mostra o grau de ousadia da milícia carioca. Segundo nota o recado se destina aos donos de vans que são obrigados a pagar uma taxa no valor de R$ 70,00 por dia nas regiões dominadas pelos grupos paramilitares do Rio. O valor se refere a uma taxa de seguro contra incêndio. Pura ironia, estão copiando o modelo das máfias japonesa e italiana que cobram por proteção contra eles próprios.

Tragédias a parte, é preciso ressaltar que no Rio de Janeiro existem três frentes de guerra: O tráfico, a polícia e os milicianos. Este último vêm sofrendo baixas no últimos anos. Em 2007 foram 24 prisões, em 2008 totalizou 78 elementos fora das ruas e em 2009, até o mês de novembro, já somam um total de 229 prisões. Mesmo com o isolamento de seus supostos comandantes, Natalino e Jerominho, que cumprem pena em uma prisão federal, os milicianos vem se articulando e dando continuidade em suas ações criminosas.

O tráfico também não fica de fora do combate ostensivo dos órgãos de segurança pública da capital. Com a implantação das unidades de Polícia Pacificadora, uma tentativa do Estado garantir voz ativa nas comunidades carentes, os confrontos tem diminuído consideravelmente. As últimas incursões bem sucedidas da PM em comunidades cariocas como as do Morro da Babilônia/Chapéu Mangueira, favela do Bartan e recentemente o Pavão-Pavãozinho em Ipanema tem enfraquecido cada vez mais o "movimento".

Da mesma forma em que o Governo corre para desarticular grupos paramilitares como a Liga da Justiça, outros surgem em igual proporção. É o caso do chamado Comando do Chico Bala, liderado pelo ex- Sargento da PM Francisco César Silva de Oliveira. Jornais noticiam que uma terceira facção de milicianos pode estar sendo formada.

Estudos do Núcleo de Pesquisa das Violências (Nupevi) da UERJ apontam que as milícias já dominam mais favelas do que o tráfico de drogas. Cerca de 41,5% das 965 favelas existentes em 2008 estavam sob o domínio de milicianos seguido de 40,8% dominadas pelo CV, 7,7% do ADA e 7 pelo Terceiro Comando. Apenas 3% das favelas não estão sobre o domínio do crime organizado. Em 2005 esses índices estavam distribuídos da seguinte forma: 50,1% para o CV e 11,2% para a milícia.


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